Tá na sua mão: Reinvente sua carreira, ganhe mais e seja feliz - resenha crítica

Fernando Sarian viveu a experiência que assombra muitos profissionais: ser demitido aos 50 anos, depois de décadas construindo uma carreira sólida. A princípio, a sensação foi de choque e incerteza. Mas o que poderia ter se transformado em derrota virou ponto de virada. No livro Tá na Sua Mão, o autor mostra como transformou um plano B — a atividade de perito judicial — em propósito de vida, fonte de renda e liberdade.

A obra não se limita à biografia. É um manual prático de reinvenção, que mistura lições de resiliência, mentalidade empreendedora e disciplina. Sarian reforça que sucesso não depende de sorte, chefes ou estabilidade ilusória: nasce de decisões conscientes e da coragem de assumir protagonismo. Ele compartilha métodos que aplicou em sua transição, além de orientações técnicas para quem deseja seguir a carreira pericial.

Mais do que uma história individual, o livro apresenta um convite: sair da “caverna” da segurança aparente e descobrir um horizonte de autonomia e crescimento. O leitor encontra, em cada capítulo, tanto inspiração quanto caminhos práticos para recomeçar. A mensagem central é direta e poderosa: independentemente da fase da vida, o futuro está em suas mãos.

O choque da demissão

Em 2014, prestes a viajar para férias com a família, Sarian foi surpreendido com a notícia de que estava demitido. Aos 50 anos, com filhos pequenos, a sensação foi de perder o chão. Esse episódio marcou o fim de um ciclo e o início de outro. A primeira reação foi o luto, seguido pela necessidade de agir rapidamente. Ele percebeu que ficar paralisado pela vitimização não o levaria a lugar nenhum.

O autor destaca que imprevistos como esse são mais comuns do que se imagina e fazem parte do cenário profissional do século XXI. A estabilidade é uma ilusão, e a única certeza é a mudança. O segredo está em transformar a adversidade em oportunidade. Essa transição começa quando se abandona a postura de reclamar e se adota a disciplina de buscar soluções.

Esse episódio ilustra um princípio fundamental do livro: crises podem ser presentes disfarçados. O desemprego inesperado revelou-se o impulso necessário para que ele olhasse para outras possibilidades. Assim, a demissão deixou de ser apenas uma perda e se converteu em catalisador de uma reinvenção pessoal e profissional que redefiniria sua vida.

A arte de recomeçar

Recomeçar não é simples, mas é indispensável. Sarian descreve o período logo após a demissão como um momento de silêncio, reflexão e, em seguida, ação. Ele compara o processo ao luto: necessário, mas breve. O que distingue quem avança daqueles que ficam para trás é a rapidez com que se reage aos reveses.

O autor enfatiza quatro pilares que sustentaram sua reconstrução: família, espiritualidade, saúde e vida profissional. O equilíbrio entre esses elementos foi essencial para manter clareza e força em meio às turbulências. Sem harmonia interna, não há prosperidade externa.

Outro ponto central é a importância de cultivar gratidão mesmo em situações adversas. Para ele, agradecer abre espaço mental para identificar novas oportunidades. Recomeçar exige disciplina, coragem para abandonar velhos hábitos e disposição para explorar caminhos desconhecidos.

O capítulo mostra que o recomeço não precisa ser visto como fracasso, mas como chance de evolução. Cada queda traz lições que se transformam em combustível para o próximo passo. Sarian reforça que reinventar-se não é opção reservada a poucos: é um processo disponível a todos que estejam dispostos a assumir o controle de suas escolhas.

Do plano B ao plano A

A atividade de perícia judicial entrou na vida de Sarian por acaso, quando ainda administrava sua empreiteira. Inicialmente, era um complemento, um plano B pouco explorado. Contudo, após a demissão, esse plano ganhou outra dimensão. Ele percebeu que o campo oferecia demanda constante, autonomia e remuneração atrativa.

A virada aconteceu em 2018, quando recebeu mais de 20 nomeações de um juiz em um único dia. A necessidade de dar conta do desafio o obrigou a criar uma metodologia própria para organizar laudos e otimizar sua atuação. A partir dali, a perícia deixou de ser atividade secundária e tornou-se sua principal carreira.

Esse trecho do livro simboliza a lição de que planos alternativos podem se transformar em caminhos principais quando são cultivados com seriedade. O autor destaca que é preciso estar aberto a novas oportunidades, mesmo quando elas parecem pequenas ou marginais. Ao reconhecer o potencial da perícia, ele conseguiu converter um plano de contingência em fonte de liberdade profissional e financeira.

Empreender em novos formatos

A reinvenção de Sarian não se limitou à prática pericial. Ele também percebeu que poderia compartilhar seu conhecimento com outros profissionais. A entrada no ensino online foi um marco. Após experiências iniciais como professor convidado, criou sua própria plataforma: a Academia do Perito.

Montar cursos digitais exigiu aprendizado em tecnologia, marketing e produção de conteúdo. Foram momentos de insegurança, erros e correções. Mas, ao se expor e testar formatos, descobriu que havia grande procura por capacitação na área. Em pouco tempo, transformou a iniciativa em referência nacional, com milhares de alunos.

Esse movimento ilustra a importância de expandir horizontes e não se limitar a uma única fonte de renda. Empreender em novos formatos amplia possibilidades e cria resiliência contra crises. Para Sarian, foi também a realização de um propósito: formar profissionais preparados para atuar na Justiça, multiplicando impacto.

O capítulo mostra que conhecimento é capital. Quando compartilhado, gera valor não apenas para o autor, mas para toda uma comunidade de aprendizes que encontram novos caminhos de carreira.

O propósito como bússola

Se no início a motivação principal era financeira, com o tempo Sarian percebeu que havia algo maior em jogo. O propósito tornou-se a bússola de sua trajetória. Ajudar a Justiça a funcionar de forma mais eficaz e contribuir para que profissionais comuns alcançassem independência mudou sua forma de enxergar o trabalho.

O propósito deu sentido às horas de esforço, à superação de obstáculos técnicos e à disciplina diária. Ele reforça que, sem um objetivo maior, qualquer atividade se esgota no curto prazo. O propósito é o que mantém a motivação mesmo diante de dificuldades.

Esse alinhamento também trouxe clareza sobre os limites do que vale ou não vale a pena. Sarian escolheu dizer não a oportunidades que não dialogavam com seus valores e concentrou energia em projetos que refletiam sua visão de futuro. Assim, o trabalho deixou de ser apenas fonte de renda e passou a ser fonte de realização.

O capítulo reforça que descobrir o propósito não é tarefa instantânea: é resultado de experimentação, reflexão e coragem de seguir o que realmente importa.

Método e disciplina

Ao consolidar sua carreira como perito, Sarian desenvolveu metodologias práticas para garantir qualidade e ampliar nomeações. Ele chama de “4 Ps do perito” os princípios que regem sua atuação: preparo, pontualidade, postura e persistência. Esses pilares funcionam como guia para qualquer profissional que queira se destacar.

Preparo significa domínio técnico. Pontualidade assegura credibilidade diante dos juízes. Postura envolve ética, clareza e responsabilidade na condução de laudos. Persistência garante continuidade mesmo diante de processos longos e burocráticos.

Esses elementos mostram que sucesso não depende apenas de talento ou sorte, mas de disciplina aplicada com consistência. O autor lembra que cada laudo é uma oportunidade de provar competência e abrir portas para novas nomeações.

Esse método pode ser transposto para qualquer área: dominar fundamentos, entregar com rigor e cultivar reputação sólida. Ao estruturar sua prática com disciplina, Sarian construiu não apenas uma carreira, mas uma marca pessoal reconhecida em todo o país.

Seu sucesso só depende de você

O livro culmina em uma mensagem simples e direta: ninguém é vítima das circunstâncias para sempre. O que determina o futuro é a capacidade de assumir responsabilidade pelas próprias escolhas. Sarian reforça que reclamar ou procrastinar são formas de permanecer preso à “caverna de Platão” — um espaço de medo e paralisia.

Ao contrário, quem decide agir conquista autonomia. O autor mostra que não existem garantias em empregos formais, nem atalhos fáceis. O que há é disciplina, aprendizado contínuo e coragem de recomeçar quantas vezes for necessário.

Essa postura de protagonismo não é exclusiva de quem atua na perícia judicial. Ela se aplica a qualquer profissional disposto a alinhar valores, propósito e ação prática. O segredo não é esperar por condições ideais, mas criar oportunidades a partir do que já se tem.

Com essa visão, Sarian encerra o livro lembrando que o sucesso não é destino fixo, mas caminho construído diariamente. A decisão está sempre diante de nós: viver como reféns do medo ou assumir que, em última instância, tá na sua mão.

Notas finais

Tá na Sua Mão é, ao mesmo tempo, autobiografia e guia prático. A narrativa pessoal de Fernando Sarian oferece credibilidade às lições apresentadas, mostrando que a reinvenção é possível em qualquer fase da vida. O livro une motivação e técnica: inspira pela história de superação e ensina pela clareza dos métodos aplicados.

A principal contribuição é desmistificar a ideia de que a vida profissional segue linha reta. Crises, falências e demissões fazem parte do percurso, mas não definem o destino. O que define é a forma como reagimos a elas.

Outro ponto valioso é a ênfase na educação contínua. Ao investir em conhecimento, o autor não apenas reconstruiu sua carreira, mas multiplicou impacto ao formar outros profissionais. Isso mostra que sucesso sustentável é aquele que gera valor coletivo.

Por fim, a obra se alinha a uma visão prática e realista: não existem atalhos mágicos, mas existe sempre a chance de recomeçar. A mensagem final é um convite direto ao leitor: seja qual for sua situação atual, o próximo passo está em suas mãos.